Cardioversores e Desfibriladores: Equipamentos médicos que não admitem falhas no momento de sua operação.
Cardioversores e Desfibriladores são equipamentos médicos de baixa taxa de utilização, porém classificados como críticos e não podem falhar quando são demandados, sob alto risco de colocar a vida do paciente em risco.
De acordo com a norma ABNT NBR IEC 60601-2-4:2014, desfibriladores são equipamentos eletromédicos destinados a normalizar o ritmo do coração por meio de um pulso elétrico via eletrodos aplicados sobre a pele do paciente, com eletrodos externos, ou ao coração exposto com eletrodos internos, podendo incluir também outras funções de monitoração/supervisão ou funções terapêuticas.
Um pouco de História
A história dos desfibriladores se inicia 1824 quando Richard Reece realiza experimentos de ressuscitação transtoráxica por descargas elétricas utilizando agulhas de acupuntura. Porém somente em 1947 é que Claude Beck relata a primeira desfibrilação em ser humano bem sucedida, com aplicação direta de corrente alternada (60Hz).
Em 1956, Paul Zoll desenvolve o primeiro desfibrilador CA com aplicação clínica e em 1961, Lown realiza a primeira desfibrilação CA sincronizada (cardioversão).
Cardioversão e Desfibrilação
A principal diferença entre desfibrilação e cardioversão é que na cardioversão há sincronismo entre os pulsos de corrente para reverter a arritmia e o complexo QRS natural do coração, liberando o pulso de corrente aproximadamente 30ms após a onda R. De forma oposta, na desfibrilação os pulsos de corrente elétrica não possuem nenhum sincronismo com o complexo QRS, que pode, inclusive estar ausente, sendo o disparo comandado pelo médico.
A cardioversão e a desfibrilação elétricas são procedimentos terapêuticos com objetivo de reverter arritmias cardíacas, pela aplicação de corrente elétrica num curto período de tempo. Ao circular pelo coração, esta corrente tende a provocar um realinhamento temporária das fibras cardíacas, reestabelecendo o ritmo normal.
As arritmias mais comuns que demandam o uso de desfibriladores e cardioversores são: fibrilações atrial e ventricular e taquicardia ventricular. Além das arritmias, desfibriladores são utilizados nos casos de ausência de atividade elétrica do coração, como ocorre nas paradas cardiorrespiratórias (PCR).
As arritmias são situações de emergência causadas por distúrbio elétrico no coração, caracterizando-se por contrações descoordenadas e sem sincronismo nos ventrículos ou átrios, que geram reduções de débito cardíaco e na pressão sanguínea arterial.
Os protocolos de uso de cardioversores e desfibriladores em paradas cardiorrespiratórias são regidos pelas Diretrizes de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia (www.portal.cardiol.br/diretrizes). Guidelines também podem ser obtidos na American Heart Association – CPR and First Aid – Emergency Cardiovascular Care. (https://eccguidelines.heart.org/index.php/circulation/cpr-ecc-guidelines-2/).
Características Técnicas e tipos de forma de onda dos pulsos
Desfibriladores e Cardioversores são equipamentos eletromédicos portáteis que geram pulsos de corrente com energia controlada aplicados ao músculo cardíaco. Isso pode ser feito diretamente se o paciente estiver em cirurgia cardíaca aberta (pás internas) ou indiretamente através do tórax (pás ou eletrodos descartáveis externos).
Cardioversores detectam a atividade elétrica do coração e sincronizam a aplicação do pulso desfibrilatório com a onda R (sístole). A aplicação do pulso deve ocorrer em até 30 milissegundos depois da onda R, evitando-se assim que o pulso de corrente seja aplicado no momento em que a maioria das fibras estejam repolarizando, o que poderia induzir à perda da sincronia entre as fibras.
Os principais tipos de forma de onda dos pulsos de corrente utilizados nos equipamentos disponíveis no mercado são: senoidal amortecida, trapezoidal truncada e bifásica.
Diagrama em Blocos e Descrição Funcional
Desfibriladores e cardioversores têm o mesmo princípio básico de funcionamento. Eles armazenam energia elétrica em um capacitor, mantêm essa energia na condição de carga, que por sua vez é descarregada no paciente quando determinado pelo operado (desfibrilação) ou na cardioversão quando o instante de descarga depende do momento em que se encontra a contração dos ventrículos, o que é detectado através de monitoramento por ECG (cabo de 3 vias).
Blocos de componentes básicos de Desfibriladores e Cardioversores
1.- Sistema de controle de Carga de energia.
2.- Sistema de controle de Descarga de energia.
3.- Fonte de alimentação
4.- Armazenamento de energia (Capacitor de Alta Tensão)
5.- Unidade de Controle das Funções – CPU
6.- Sincronizador e monitor de ECG
7.- Circuitos geradores de pulso
Pás e eletrodos
Dispositivos responsáveis pela aplicação da descarga desfibrilatória através de eletrodos descartáveis ou pás, cujos aspectos construtivos variam segundo os fabricantes, porém devem atender a norma ABNT NBR IEC 60601-2-4:2014, item 201.15.4.101 com relação à área mínima da superfície. As superfícies mínimas devem ser: 50 cm2 (uso externo – adultos), 32 cm2 (uso interno – adultos), 15 cm2 (uso externo – pediátrico), ou 9 cm2 (uso interno – pediátrico).
As pás são as partes mais suscetíveis à danos, seja pelo regime de operação, normalmente em situações de alto estresse, que sujeitam as pás a grandes esforços mecânicos, seja pela ação corrosiva do gel utilizado para maximizar o contato elétrico entre as superfícies das pás e a pele do paciente.
Na parte 2 deste BLOG sobre Desfibriladores e Cardioversores trataremos sobre manutenção, riscos e cuidados.
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Texto: Jorge Cardoso Pereira – Engenheiro CREA RN 260699320-9 – EC UNICAMP/MBA FGV GERENCIAMENTO PROJETOS/MBA FGV GESTÃO EXECUTIVA EM SAÚDE
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