Autoclaves: Processo que afeta toda a cadeia de produção médico hospitalar.

A Esterilização de Produtos para a Saúde (EPPS) é um processo que afeta transversalmente toda a cadeia de produção médico hospitalar, de um simples swab (hastes flexíveis com pontas de algodão) até o mais complexo pacote de instrumental cirúrgico.

Na área hospitalar os processos de esterilização ficam concentrados no Centro de Material Esterilizado (CME). Neste setor são realizadas todas as etapas de processamento de produtos para a saúde (PPS).

“O CME tem por missão prover todos os serviços assistenciais e de diagnóstico de PPS processados, garantindo a quantidade e qualidade necessárias para uma assistência segura” (Diretrizes de Práticas em Enfermagem Cirúrgica e Processamento de Produtos para a Saúde – SOBECC – 7ª edição -2017).

Etapas de Esterilização de Produtos para a Saúde

No CME são executados os seguintes processos/etapas da EPPS: 1. Recepção, identificação e limpeza do PPS. 2. Preparo. 3. Esterilização. 4. Desinfecção Química (quando aplicável). 5. Monitoramento dos processos de esterilização. 6. Armazenamento e Distribuição.

Todos esses processos e demandas de instalações físicas e equipamentos são normatizados pelas RDC Anvisa 15/2012 e 50/2002.

Além dessas normas, o CME é regido pelas Portaria MS 2914/2011 (Qualidade e Potabilidade da água), RDC 6/2013 (Boas Práticas em Serviços de Endoscopia), NR 32 (Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde), além da indicação da AAMI (Association for the Advancement of Medical Instrumentation) com relação à qualidade da água para processamento de PPS utilizados na corrente sanguínea, tecido ósseo, ocular ou neurológico.

Nesta primeira parte do assunto Esterilização de Produtos para Saúde, vamos tratar dos equipamentos denominados Autoclaves.

“A esterilização é o processo pelo qual microrganismos são mortos a tal ponto que não é mais possível detectá-los em um meio de cultura padrão. Considera-se que um material está esterilizado quando a possibilidade de sobrevivência dos microrganismos é menor que 1:1.000.000” (Diretrizes de Práticas em Enfermagem Cirúrgica e Processamento de Produtos para a Saúde – SOBECC – 7ª edição -2017).

Autoclaves: Tipos e Componentes Principais.

Estão disponíveis no mercado diversos equipamentos para esterilização que se utilizam de diferentes tecnologias. Entre elas podemos citar: FÍSICOS – Vapor saturado (autoclave), calor seco (estufa), Radiação ultravioleta e Radiação ionizante. QUÍMICOS – Formaldeído, Glutaraldeído, Peróxido de hidrogênio e Ácido peracético. FÍSICO-QUIMÍCOS – Óxido de etileno e  Plasma de peróxido de hidrogênio.

O Autoclave com esterilização por Vapor Saturado é o equipamento mais prevalente nas unidades de CME Hospitalares. Utiliza vapor saturado molhado e opera entre 121 e 134 ºC. É composto dos seguintes componentes: Gerador de Vapor (elétrico ou através de vapor de caldeira), Bomba de Vácuo (de selo líquido à água ou bombas de vácuo à óleo com palhetas ou lóbulos rotativos), Módulo Microprocessado de controle de operação, Câmara Externa ou Jaqueta, Câmara Interna ou de Esterilização e válvulas de acionamento eletro-hidráulico.

A esterilização por este método se dá pela transferência de calor latente, na condensação do vapor e o aquecimento rápido dos materiais através do poder de penetração do vapor. A atividade microbicida é baseada na temperatura e tempo de contato entre o vapor e os microrganismos.

Etapas do Ciclo de Esterilização por Vapor Saturado

O Processo de Esterilização por Vapor Saturado ocorre em três etapas: Preparação ou Acondicionamento, Esterilização ou Exposição e Secagem/Aeração.

Na etapa de Preparação, Acondicionamento ou Pré Vácuo, alguns ciclos de vácuo profundo (ver figura acima) retira o ar potencialmente contaminada da câmara interna e prepara os pacotes e tecidos para a melhor absorção possível do vapor saturado.

Na etapa de Esterilização é injetado vapor saturado da câmara externa (jaqueta) para a câmara interna para que este vapor (entre 121 e 134ºC a depender do tipo de carga)  permaneça por tempo suficiente e pré programado em contato com materiais em esterilização de tal forma que garanta a ação microbicida do vapor e a eliminação total de microrganismos.

Na etapa de Secagem e Aeração é aplicado alto vácuo na câmara interna para a remoção de todo o vapor e umidade injetado na etapa de Esterilização. Após a secagem ocorre a aeração da câmara interna, com ar injetado através de filtros microbiológicos (HEPA) que equaliza a pressão interna da câmara com o ambiente externo e reduz a temperatura, permitindo assim a abertura segura da porta do Autoclave.

Tipos de Autoclaves a Vapor Saturado

Em CME encontramos, basicamente, dois tipos de Autoclaves a Vapor Saturado: Escotilha e Guilhotina.

Apesar de apresentarem os mesmos componentes principais e princípios de funcionamento, esses dois tipos de Autoclave a Vapor Saturado podem apresentar importante diferença nos acessos para entrada de material não estéril e saída para material.

Os acessos de  entrada e saída de material podem ser  realizados pela mesma porta, ou por portas distintas. Essa diferença afeta diretamente ao atendimento da RDC 15/2012 em seu artigo 46, que exige que o CME deve possuir, minimamente, barreira técnica entre os setores sujos e os limpos.

Nos próximos artigos do Blog da MEDSYSTEM trataremos de outros assuntos relacionados à Esterilização de Produtos para Saúde tais como: Validação e Qualificação de Autoclaves a Vapor Saturado, outras tecnologias de Esterilização, Lavadoras Ultrassônicas, Lavadoras Termodesinfectoras, Qualidade da água para EPPS, Monitoramento da Qualidade de Esterilização e Estrutura Física do CME de acordo com as normas RDC 50/2002 e RDC 15/2012.

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Texto: Jorge Cardoso Pereira – Engenheiro CREA RN 260699320-9 – EC UNICAMP/MBA FGV GERENCIAMENTO PROJETOS/MBA FGV GESTÃO EXECUTIVA EM SAÚDE

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