Os modernos Monitores Multiparâmetros (MMP) se constituem nos equipamentos médicos com maior gama de medição de parâmetros fisiológicos e por essa característica flexível, podem ser utilizados praticamente em todos os setores médicos assistenciais desde uma pequena clínica até hospitais de alta de complexidade.
Os monitores multiparâmetros estão submetidos a algumas normas da família NBR IEC 60601, entre elas a 60601-2-49/2014 (monitor multifuncional), 60601-2-61/2015 (oximetria), 60601-2-27/2015 (monitoramento eletrocardiográfico), 60601-2-30/2014 (Esfigmomanômetro não invasivo automático) e 60601-2-34/2014 (pressão sanguínea invasiva).
Os Monitores Multiparâmetros podem monitorar mais de uma dezena de parâmetros fisiológicos.
Além dos parâmetros tradicionais de ECG (frequência cardíaca), pressão não invasiva (PNI), saturação de oxigênio no sangue (SpO2) e temperatura, os mais frequentes parâmetros adicionais são pressão invasiva (PI), Capnografia (% de CO2 expirado – EtCO2), frequência respiratória (fr), Débito Cardíaco (CO) e Nível de Consciência (BIS® Índice Bispectral Bilateral).
Porém, parâmetros especiais anteriormente pouco usuais, estão sendo continuamente incorporados no rol de parâmetros fisiológicos com resultados importantes no cuidado do paciente, especialmente os pacientes críticos de UTI.
Parâmetros Fisiológicos Especiais.
Nessa linha de parâmetros especiais podemos citar:
1.- Calorimetria indireta: monitorização e detecção de alterações no estado metabólico do paciente e de suporte na avaliação nutricional. A Calorimetria Indireta é um algoritmo obtido a partir da monitoração do consumo de O2 (VO2) e a produção de CO2 (VCO2) e a partir desses dados, então é possível calcular o consumo de energia (EE) e quociente respiratório (RQ).
2.- Análise de Gases Anestésicos: para medição e monitoração dos gases utilizados em anestesia, tais como Oxigênio (EtO2 e FiO2), gás carbônico (EtCO2 e FiCO2), Óxido Nitroso N2O (EtN2O e FiN2O) e gases halogenados (halotano, isoflurano, enflurano, servoflurano e desflurano).
3.- Espirometria: medição das pressões das vias aéreas, fluxo, volumes, complacência e resistência nas vias aéreas a cada respiração do paciente.
4.- Entropia: As entropias de resposta (ER) e de estado (SE), são variáveis derivadas do EEG e FEMG. Pode ser utilizado na monitorização dos efeitos de determinados agentes anestésicos.
5.- EEG Contínuo e TNM (Transmissão Neuromuscular): O EEG é uma medição não-invasiva da atividade elétrica espontânea do córtex. Monitora a reatividade, amplitude e frequências do EEG. O EEG contínuo é utilizado nos cuidados intensivos e na aplicação de anestesias. A Transmissão Neuromuscular – TNM é utilizada para monitorizar o estado de relaxamento do paciente e a estimulação do bloqueio regional para a localização dos nervos.
6.- SvO2 ou saturação mista do oxigênio venoso (SvO2) é a medição contínua da saturação de oxigênio venoso misturado na artéria pulmonar e mostra a quantidade de oxigênio que foi consumida pelos tecidos corporais.
7.- Variação da Pressão de Pulso (dPP ou ΔPP): A variação da Pressão Sistólica e a variação da pressão de pulso (dPP) refletem variações respiratórias na pressão arterial durante ventilação com pressão positiva. A magnitude dessas variações depende da condição de fluidos no paciente (hipo, normo ou hipervolemia).
Alguns parâmetros se tornaram tão importantes que foram incorporados como obrigatórios, por exemplo, nos procedimentos anestésicos conforme resolução CFM 2174/2017 (https://www.sbahq.org/artigo-resolucao-21742017-revisado-28-de-fevereiro-de-2018/).
Nessa resolução, em seus artigos 3 e 4, se estabelece que os seguintes parâmetros são necessários para a segurança do paciente: ECG, Pressão não Invasiva PNI, Temperatura, Oximetria de pulso, Capnografia, Nível de consciência BIS®, pressão invasiva PI, Débito Cardíaco CO e monitoração de gases anestésicos.
A evolução dos monitores: do Cardiógrafo aos Monitores Multiparâmetros.
O cardiógrafo é um dos equipamentos médicos mais antigos, úteis e presentes em quaisquer hospitais e clínicas médicas e teve na invenção do médico fisiologista holandês Willem Einthoven em 1901 a base do conceito do atuais monitores multiparâmetros (https://ethw.org/Willem_Einthoven).
Por volta de 1938 com o advento das válvulas eletrônicas e tubo de raios catódicos para amplificar e visualizar os sinais eletrocardiográficos surgem os primeiros monitores com tela para visualização do sinal de ECG. Por volta de 1950 se incorpora a tecnologia dos transistores, tornando os monitores menores mais leves e de uso generalizado em hospitais.
O monitor de ECG
A prioridade no monitoramento do ECG é a detecção do complexo QRS e não a morfologia do sinal registrado, como é no eletrocardiógrafo. Para tanto, a faixa de frequência do monitor cardíaco está entre 0,5 Hz e 40 Hz, enquanto que no eletrocardiógrafo está entre 0,05 Hz e 100 Hz.
Os princípios de fisiologia cardíaca do parâmetro de ECG em monitores são os mesmos que apresentamos em nossas publicações em nosso BLOG Eletrocardiograma ECG e Eletrocardiógrafo: função, eficácia, cuidados e riscos (https://medsystem.eng.br/noticias/).
Com a evolução da microeletrônica e sensores biomédicos os parâmetros anteriormente citados foram sendo incorporados e os monitores se tornaram o que conhecemos como multiparâmetros e sua utilização ampliada de um simples monitor de ECG para os complexos monitores de UTIs com diversos parâmetros fisiológicos simultâneos.
Nas próximas semanas exploraremos em nosso BLOG, todos os parâmetros atualmente disponíveis em monitores multiparâmetros, seus princípios de medição e aplicações, além de dicas importantes sobre problemas e interferências mais comuns, manutenção e calibração.
A Medsystem oferece venda, locação e manutenção de equipamentos de endoscopia e periféricos, temos a disposição Endoscópios Flexíveis e Processadoras de diversas marcas como Fujinon, Olympus e Pentax.
Texto: Jorge Cardoso Pereira – Engenheiro CREA RN 260699320-9 – EC UNICAMP/MBA FGV GERENCIAMENTO PROJETOS/MBA FGV GESTÃO EXECUTIVA EM SAÚDE
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