Esterilização de Produtos para Saúde 7 – Osmose Reversa: Qualidade de água para Esterilização de Produtos para Saúde.
A Esterilização de Produtos para a Saúde (EPPS) é um processo que afeta transversalmente toda a cadeia de produção médico hospitalar e que depende de água com alta qualidade em todas as suas etapas.
A água é insumo presente em todas as etapas de limpeza, desinfecção e esterilização de produtos para saúde (PPS). Nessas etapas se utilizam água potável e água pura, esta produzida por processo de osmose reversa.
As normas, boas práticas e diretrizes de características da qualidade e correta adequação de água potável e de osmose reversa estão descritos na Portaria 2914/2011, normas ANSI AAMI ST 79:2006 e A1:2008 e Diretrizes de Práticas em Enfermagem Cirúrgica e Processamento de PPS SOBECC, 7ª edição de 2017.
Osmose Reversa
A osmose reversa é um processo físico químico de remoção de substâncias, impurezas e elementos microbiológicos através de uma membrana. O solvente flui do meio mais concentrado (hipertônico) para o menos concentrado (hipotônico), devido à aplicação de pressão positiva no lado do fluido mais concentrado.
Na osmose reversa, o soluto hipertônico é forçado a passar pela membrana de osmose reversa graças à pressão exercida, fazendo com que a membrana semipermeável permita apenas a passagem da água pura, retendo o soluto (substâncias, impurezas e elementos microbiológicos).
Sistema de Produção de Água por Osmose Reversa
Para atender as demandas de água pura no CME nos processos de limpeza, desinfecção e esterilização (produção de vapor) é necessário um sistema completo de produção de água pura composto de um conjunto de desmineralizador e filtros de osmose reversa.
O Sistema de Osmose Reversa completo é composto dos seguintes subsistemas: I – Tanque de entrada, II – Bomba de Entrada, III- Filtro de Entrada de Meios/Leitos Mistos, IV – Abrandadores de resinas iônicas e catiônicas (mistas ou separadas), V- Filtro de Carvão ativado, VI – Filtro de Entrada da OR de 5 microns, VII – Sistema de Bombas de Recalque das membranas de OR, VIII – Coluna de Membranas de Osmose Reversa (Simples ou Duplo passo), e IX – tanques de circulação.
Componentes da Sistema de OR e suas Funções
O sistema de filtração a pressão em leito em leito misto (III) tem a função de remoção de sólidos em suspensão de até 10 microns e a redução da turbidez.
Os abrandadores iônicos e catiônicos (separados ou mistos – IV) fazem a remoção total de Ca (Cálcio) e Mg (Magnésio), K (Potássio) e Na (Sódio), normalmente na forma de carbonatos, bicarbonatos, sulfatos e cloretos, bem como de vários outros íons prejudiciais aos diferentes processos.
O filtro de carvão ativado realiza a remoção de material orgânico, cloro livre residual, gosto, odor e cor. Com alta capacidade de adsorção, o filtro age principalmente na proteção das membranas de Osmose Reversa, para as quais o cloro e matéria orgânica trazem consequências indesejáveis e muitas vezes irreversíveis, como a calcificação, que reduz muito sua capacidade de filtração.
A membrana de osmose reversa é capaz de remover mais de 99% dos sais dissolvidos (íons), partículas, coloides, orgânicos, bactérias e pirogênios da água e pode reter partículas com diâmetros variando entre 1 e 10 Angstroms.
O Sistema de Bombas de Recalque das membranas de Osmose Reversa (VII) produz a pressão osmótica reversa. Para que a produção de permeado (água pura) seja razoável, a diferença de pressão hidrostática através da membrana tem que ser elevada, variando entre 3 e 150 bar.
A água pura é enviada para os processos de limpeza, desinfecção e esterilização (para produção de vapor) por bombeamento tipo Direct Feed (diretamente das membranas para consumo em loop fechado) ou Indirect Feed (a bomba da OR alimenta um tanque e este alimenta os pontos de consumo).
O Sistema de Osmose Reversa completo exige manutenção contínua e especializada, através de processos de regeneração das colunas de abrandadores, retrolavagens dos filtros de leito misto e carvão, desinfecção e limpeza química das membranas osmóticas, dos loops e tanques de circulação de água pura.
O manual Diretrizes de Práticas em Enfermagem Cirúrgica e Processamento de PPS (2017 – 7ª edição) no capítulo 3 – Limpeza de PPS, traz as orientações com os tipos de água por classificação do PPS, parâmetros de qualidade da água e recomendações de periodicidade de monitoramento de qualidade da água.
Na próxima publicação do Blog Técnico da MEDSYSTEM trataremos do monitoramento dos processos de limpeza, desinfecção e esterilização de PPS.
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Texto: Jorge Cardoso Pereira – Engenheiro CREA RN 260699320-9 – EC UNICAMP/MBA FGV GERENCIAMENTO PROJETOS/MBA FGV GESTÃO EXECUTIVA EM SAÚDE
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